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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Saudade



Saudade, palavra antagônica à felicidade



quem a venera, certamente não amou.


A vida é pouca e rala para gastá-la na ausência, onde não sou


O amor clama a presença, urgente tempestade.






[Anita Lestter]

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Da minha janela
Te sinto...arrepio
Tua força conduz
Brilho sedutor...desvario
Tua luz afugenta as dúvidas
Sem, tampouco, invadir-me de certezas
Cheias de vazio.

[Anita Lester]

domingo, 3 de julho de 2011

Decifra-me e ainda devoro-te



Trago uma sombra grudada à minha alma, colada e pegajosa. Estica e volta - mais forte. E ela sempre retorna...sob outras vestes - não me enganas, finjo que sim. Regressa mais lúcida e também pesada. Por vezes perco a noção da realidade, tamanha cruel verdade pulsa despida por ela. Meus sentidos descortinam as certezas como sendo a essência da relatividade, contradições e paradoxos. Embaralham-se minhas mil. 

Sinto-me só, sei-me só, já esgotei minhas tentativas – frustradas – em vestir a roupa que me escolheram, para que eu coubesse em suas cartilhas. A que me cabe é espalhafatosa e sombria; é fluida e derrapante; traz marcas de cigarro e de amores; bebedeiras e estradas; o masculino no feminino [e é minha!]. Tecida e costurada por meus tropeços, saltos e quedas napoleônicas. Não é fácil vesti-la...às vezes aperta-me tanto que sufoca...nessa hora explodo.

Preciso de espaço, mas preciso também de alguém que me acompanhe – não tão de perto - que não me prenda ou se perca - que me defenda da autodestruição que vem agarrada ao calcanhar de meu gozo. Esta é nossa conexão, ofereço minha criatividade destilada e minha alma expandida em troca de proteção sem grade e limite sem bordas para minha inesgotável impulsividade de ser.  

Meu amor tem formas e ângulos estranhos à visão diurna, é intenso e instável, ainda que duradouro em suas marcas. Não sei ser de outro jeito. Quando tentei , senti a morte acariciando meus cabelos, sedutora – como eu. Trago pessoas ao meu mundo mágico e excitante, como faz o  escorpião ao cortejar sua vítima, logo fatal, apenas por ser sua natureza. Incorporo-as com respeito sublime por sua entrega, inocente e desmedida . Sou o mais doce dos venenos, de tão saboroso, só percebem a armadilha quando já noite se fez, quando sua alma já está tatuada e torturada – de mim. Vegeto agonizante sem essa sombra que me cabe tão perfeitamente ao me conduzir a labirintos obscuros ocultados em passeios inebriantes.

Sinto-me em pedaços, desaparecendo, desintegrando, cindida em mil almas diferentes e inevitavelmente interligadas. Terrivelmente feliz. A ansiedade me toma de supetão, mas é aqui que me reconheço. Entorpecer-me apaga a luz da minha excêntrica existência. A salvação – aos olhos alheios – transforma-me em uma montanha-russa em linha reta – segura e sem utilidade. Sou egoísta demais para presentear-lhes com tamanho sacrifício.

“Quem é essa agora”? Não importa, assumo cada máscara ainda que deformada pareça. Orgulho-me daquilo que a maioria mais teme – não por rebeldia ou insensatez, por necessidade. Urgente e impulsiva, cada sensação me espalha em cores, exposta ao julgamento [impiedoso] da normalidade, com leis tão estranhas quanto sem sentido para mim. Mergulho nas profundezas do desejo de forma que apavoro o enjaulado, preso antes mesmo de nascer [em cativeiro]. Apavora-se porque faz querer desejar. E desejar é perigoso, traz à tona a mais pura essência do ser “demasiadamente humano”, que se mortifica ao não enxergar sua face deturpada na tábua fria dos dez mandamentos cristãos.

Não consigo encaixar a palavra arrependimento em minhas linhas. É algo mais nobre que isso, um profundo pesar pela dor que minha passagem causa, por vezes. Não há orgulho em machucar alguém sem possibilidade de defesa - é covardia demais – e covarde não sou - repito se cessar.

Se a culpa me acompanha? Cada vez menos. Quanto mais mergulho no íntimo dos meus ‘eus’ e na diversidade imprevisível do mundo que me habita, menos dói-me a consciência fatigada em desalinhos. Os opostos e nefastos se entrelaçam no DNA humano como se agarra o feto ao útero materno. Reconhecer isso é libertar-se. E essa liberdade traz como brinde funesto a solidão do despertar em terra de dormentes e a pesada carga da incompreensão.

É inútil tentar me consertar, vai sempre faltar um pedaço que nem a mais trabalhada peça poderá preencher. Suponho que a motivação para que reis e bastardos queiram me salvar de mim, seja a idéia de que sofro minha existência e isso é louvável - ainda que inútil. [Ou seria para não mais se fazer sofrer, comigo?]

Caminho de mãos dadas com a Dor em um tapete de rosas, com suas pétalas aveludadas e espinhos maledicentes que machucam e curam meus pés ávidos pela experiência de toda cor, vermelha e cinza também. Imploro que não me resgatem do meu vazio, ele clama por minha presença e eu tenho sede dele tal qual fosse combustível para me manter em vida – viva. 

Respiro arte...inspiro sonhos...[e pesadelos também]

Anita Lester

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Luxúria



Deserto de incertezas...
tão grandes quanto o vazio
na boca do meu estômago
congelando meus pés...
o desejo, sem meio-termo,
invade sem anunciar-se...
confiante!
inebriante ópio, seu rastro...
entregue ao teu comando
padeço de ti


[Anita Lester]

sábado, 11 de junho de 2011

Ai de mim



Ai de mim se teus pés cruzarem meus passos -
sozinha...
Medo das vicissitudes a tremerem meus músculos -
por ti...
Memórias lembradas, criadas, fantasiadas -
de cores nossas...misturadas...
Cravado em minha história -
marinheiro...
Segue na liberdade
Do desejo que despertas -
em mim...

Anita Lester

Eterna



Desejo escorre sob tuas vestes
Alimenta luxúria
Dos viajantes
Perfume inebriante
Tonteia os sentidos 
Dos desavisados
Quebra tabus
Inspira
Respira
Fascina
A lua
Dos enamorados

Anita Lester

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Meu tempo



Não aceito quem arranca meu tempo,
Sem ao menos o vislumbre de uma escolha...
rouba, assim, o meu desejo...de mim

Anita Lester

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Exílio



Afluente das tuas águas e,
ainda assim,
estranho de ti -
sussurra a Verdade
aos meus incrédulos mas conformados
ouvidos.
Cansada da luta,
entrego minhas armas
em troca, quero o exílio!
Exílio de tudo "o que nunca será"


Anita Lester

Vôo da Fênix



Fogo que consome minhas tardes frias
No impacto da presença que choca com meu devir
Desamor fortuito,
mata, fere, infertiliza o renascer
Almas que seguem em paralelas infinitas [mas]
insistem buscar a mesma estrada, sem ceder
Impossibilidade...resta o amargo 
do sonho não realizado
Corro de teus laços
para encontrar a mim, marcado
Leve, com teu peso a me esmagar
Livre, com tuas amarras buscando me laçar
Plena, com tua falta assombrando meu desabrochar
Sem ti...contigo em mim...forma única de evoluir...experenciar

domingo, 5 de junho de 2011

Vício Circuloso



Túnel, porta, mantra 
excita e fascina
atrai, irrita, repele
retorna, enrosca, começa e
[nunca] termina.

[Anita Lester]

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Você realmente ama?



O verdadeiro amor - em qualquer de suas formas - liberta, nunca escraviza;
a prisão mata a essência do amor...de fome. 
O amor por alguém ou por algo não deve ter explicação racional, 
nem ser condicionado ao que se recebe em troca e,acima de tudo,
só pode realmente existir "apesar de". 
E isso só é possível quando nos desprendemos de nosso próprio ego 
e desistimos da tarefa - impossível - 
de tornar o objeto amado um espelho de nosso ideal
e permitimos que este se expresse em sua plenitude e ainda assim - o amamos, 
ainda que sua existência siga para além nossos passos.
Quem disse que amar era fácil, mentiu ou nunca amou.
É o mais belo e amargo aprendizado que temos acesso em vida -
e a grande maioria parte sem ter concluído a lição. 
Talvez por isso sejam necessárias tantas vidas...

REnascer




Encontrei em você o que já não mais procurava
Da inusitada luxúria, foi plantada a semente de um belo jardim
Do desejo de querer-te, nasceu o sentimento de viver-te
Caminhar contigo, é o que quero...não esperava