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sábado, 11 de setembro de 2010



E fez-se o breu...
trazendo consigo a noite eterna.
Teu cinza, já familiar do caminhar vivente
sem cor o qual sempre brindou minha existência
inocentemente [?] pela senda não escolhida.
Afinal, não há  como o fazer...
ainda assim uma senda feita árdua.
Se por mim ou pelo Outro não sei,
mas provavelmente por ambos.
Há dias em que se faz tal qual uma obra Dantesca
o simples despertar...
Ao meio dia a euforia convida ao Banquete dos Gozos.
Ao entardecer a Fúria de mil Minotauros esmaga dentro e fora.
Chega a noite! A reclusão em ti é o que me salva...
de mim...

Anita Lester

Repetição



Ungida de desesperada esperança,
Caminho todos os dias sobre o Éden e sobre o Hades

Já se completam tantos sóis e tantas luas assim
Que nem sei mais onde me encontro ou o que há de ser
O Éden com suas flores e céu límpido
Suave brisa acariciando os cabelos
Lindas Ninfas e belos Elfos a cantar o amor
Envolve o ser visitante em sua luz ofuscante
Mas em certo momento que não sei exatamente qual
Essa doçura embrulha-me os quereres
Já não consigo andar por lá
De uma queda estou no Hades
Quente, de um odor inebriante de embriaguez e sexo
Convidam-me a dançar uma música que não se ouve com os ouvidos
Se sente com os sentidos
Tudo pode, cabeça gira confusa
Ahhh...novamente no Limbo...

Anita Lester

Violetas


Violetas fitam minha face pálida
Espreitam meus sentidos
Mas nem sua beleza cala a dor
Que me acompanha como um membro colado ao corpo
Me doem tuas cores, que meu cinza obscurecem
Quisera eu poder apreciar teu encanto e,
quem sabe assim, esboçar um sorriso
Que perpassasse dos meus lábios à minh'alma.
Violetas sarcásticas, que zombam dos rasgos em minha pele
Das minhas olheiras insones,
Daquilo que não sou, mas poderia ter sido.
Tu...continuas bela.
Eu...continuo...

Anita Lester

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

MONTANHA RUSSA DE MIM



Quero fugir...mas para onde posso fugir
que eu não esteja à minha espreita, sorrateira e debochada?
Onde posso me esconder
dos tropeços dados pelos meus próprios pés?
Como posso viver acompanhada de mim,
sendo eu tão inconstante a ponto de muitas vezes
não me querer por perto e assim mesmo acorrentar-me ao pé da mesa?
Ah vida...ou morte...o que mais hei de mutilar 
para descobrir quem sou, o que quero, a quem eu quero, o que suporto?
Quem há de estar junto de mim apesar de...
quem há de me acompanhar nessa montanha russa até o fim de mim?

Anita Lester

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não Importa


Que há de ti que me escapas
Como sangue em luvas de seda
Foges deixando marcas e cheiros
Inconfundíveis de tu mesmo
Banha-me em tua desordem
Inspira-me com tua ausência
Brinda-me com a insanidade por tantos repelida
Sê esta loucura - criação minha
Ou ser vivente nesta senda
Não importa...Quero sorver
Cada gota de tua poesia,
Alimentando-me da luz que emana de ti
E quando a morte por sorte vier,
Seja sob tua colcha de retalhos que eu descanse meu ser insone.

Anita Lester

sábado, 4 de setembro de 2010

Dor e prazer


A dor da existência se transmuta perpassando nada além do que
a camada mais fina do meu ser
Cada agulhada vale as endorfinas próximas a invadir corpo e mente
numa onda de prazer...e dor - sensações inseparáveis do viver
A capacidade de ficar estático durante o processo,
por vezes torturante,
indica essa estranha e histórica ligação da raça humana

com a superação de si mesmo,a arte marcada no corpo [e na alma]
O resultado, um belo quadro vivo e pulsante, claro do ser desejante,
para aquele que saiba ler suas linhas e suas cores
Um mito de si mesmo contado calado, na pele do tatuado.


Anita Lester

domingo, 29 de agosto de 2010

Desejo



O desejo e o desejar espreitam a alma humana desde o primeiro arfar ao leite materno
até o último suspiro nos fazendo cárceres e carcereiros de nós mesmos...
nesse desdobrar da vida em curso, 
alguns passeam por ela como por um jardim sem espinhos numa ilusão infante;
outros travam batalhas espartanas tendo em vista uma conquista sem terras; 
ainda há aqueles que se fecham em copas para a realidade [se é que ela existe]
vivendo num mundo inventado de prazeres ou dores.
E há aqueles que escrevem sobre aqueles todos outros buscando significado para si.
Anita Lester

quinta-feira, 26 de agosto de 2010



A maior e mais amendrontadora prisão
é aquela que se constrói dentro de si mesmo
Se faz perversa pois o torturador e o carcereiro
fazem parte da própria carne.
Como então fugir dos próprios anseios, desesperos,
assim como da euforia destruidora de si e daqueles que te cercam?
A licergia, a embriaguez já não dão mais conta de apaziguar o Outro
que se constitui e se alimenta das entranhas e segue pregado nas víceras
de quem sofre e ao mesmo tempo regozija-se de seu lugar ambíguo
Remédios lícitos vêm [tentar] substituir a caminhada na ilegalidade
Adormecimento da dor de existir? Submissão às normas vigentes e ditadoras da normalidade?
Seria a morte a salvação? Ou após a morte seguirão como pares pela eternidade
[se esta existir]

Anita Lester

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Inconstância




]Não creio em mim
A inconstância não me permite
essa confiança...
Me sei apenas hoje,
e a cada dia,
pode ser outra coisa
que me alegra ou me assusta,
me liberta ou me condena.
Presa, estou em mim.
Massa corpórea liberta em sonhos e devaneios.
Sigo...

Anita Lester

terça-feira, 17 de agosto de 2010




Dormes, cálida e quieta...
Tão perto do meu sofrer, tão longe do meu amar...
Olhos inquietos que não querem dormir para te observar
nesse mais um último dia de nós dois.
Um dia desses há de ser o último, pois tudo se finda em um tempo.
Tempo a que desafio e temo constantemente.
Lança-me à sorte dos amantes apartados
O sono invade o corpo e com ele  o pesadelo da despedida
Toca  o despertador  e vais...sabes tu que levas parte de mim
Ficas também...independente de mim...és aqui

Anita Lester

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sonho de ti

Amedrontam-me os sonhos...
minha primeira tarefa do dia é esquecê-los
antes do abrir dos olhos!
Não por serem ruins, em sua maioria...
longe disso! Por vezes tão convidativos
que o mais breve contato com a realidade fere as lentes sonhadoras
que em meio aos mais loucos [e lindos] delírios, se vêem embaçadas
a cada passo de consciência...
Sonhos que alçam vôos macios...que estremecem cada célula do corpo
e deixa rastro fluidos nos lençóis...
ahhh se realizáveis!
Será que seriam tão ardentes o emaranhar de pernas?

Anita Lester

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Volúpia

A dor invade meus poros
dizendo-me viva,
incandescente volúpia
revirando minh'alma
entre gritos mudos e [escapulidos]
sussurros e gemidos
ardendo em febre na ambigüidade dos sentidos
Quero aproveitar de ti cada segundo,
pois em breve de mim sairás.
Guardar-lho-ei dentre as minhas lembranças esquecidas
estiradas no baú de minha existência caótica e dionísica.
Bebo-te até que não mais sejas nada além de uma dor...
que passou.
Anita Lester

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Endorfinas

Endorfinas ainda passeam distraídas...
pelo corpo que ainda treme de ti
Sentidos aguçados pelo o que já foi e
ainda assim não saiu.
Quero tudo enquanto for.
Vem leveza, leva meu ser aninhado em teus braços
para uma noite, enfim, não insone!
Embala meu sono na agitação [anterior] de corpos
sôfregos de desejo; embala com as cores que teve;
com os signos que formou...
nem mais...nem menos!
Não é necessário pintar um quadro 
que foi completado com esmero e perfeição.
Anista Lester

domingo, 13 de junho de 2010

Diversão a três bocas





O vento não seca as lágrimas que derramo
Eu só paro de mijar quando me chamam
Quer mais metafísica que mijar?
É instinto o que quer que façamos?
Não sei...só quero fandangos
Enquanto isso, penso num tango!
A dança das lágrimas que reclamam
Às vezes, sento...e chamo...
Às vezes como um pão.
Às vezes nem isso nem nada disso...
Mas sempre ouço Calypso.
Aí então, perco a noção
Escutando algo assim, internem-me a mim!
Depois disso, nada melhor do que um alecrim!
Ou voar no tapete de Aladim!
Daí, dizer pirilipimpim!
Faça-se a mágica, que as lágrimas parem de rolar...

Anita Lester, Hilda Frankstein, Tchê

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Impressões de "Kairós" - CIA Independente





- O tempo desperdiça minhas horas, horas essas que ele mesmo criou, despatriando-me de dono de mim [o quanto estou arraigada a ele!]
- Transcendo àquilo que me prende, me amarra...gritando como uma gata no cio a defender-se e deleitar-se com os vagabundos da rua
- O tempo me tira tempo de mim; absorve o que mais poderia ser meu
- Mas o tempo vem...cercando minha sombra...ouço o tic tac
- O tempo atravessa os gritos de minh'alma [cansada], fragmenta meu corpo tépido com o peso do Chronos, algoz insaciável
- O sonho é a derrota parcial de Chronos...é onde Kairós reina insuperável...ao menos até o toque imperioso do despertador

Anita Lester

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ninguém é substituível!


Ninguém é insubstituível? Discordo veemente!
Me pus a pensar sobre isso...não seremos seres únicos
em nossa subjetividade? Como substituir isso?
Não! Não dá para substituir o andar altivo,
as mãos com dedos tortos, ainda que perfeitos ao amor!
Daria para substituir o hálito quente na nuca, outro hálito, nunca o mesmo!
Nem mesmo as batidas do coração ao chegar a hora do encontro são as mesmas
com seres diferentes.
Concluo: Ninguém é substituível! Anita Lester

terça-feira, 8 de junho de 2010

Grito da alma



O silêncio faz gritar a alma até então balbuciando frases surdas



No silêncio sinto gritar tudo aquilo que ainda não sou... nem sei se hei de ser!


E nesse instante, quero tudo, quero mais e mais além


Até que a palavra interrompe esse momento sublime...


E olho a agenda do dia. Anita Lester

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Arte


Arte é "aquilo" que brota de dentro da alma, "coisa" que você não pode controlar ou conter, sente-se a necessidade de expandir, parir para o mundo, não importa o tamanho que tenha esse mundo e essa expansão finaliza um gozo e uma tristeza, quando sai já não pertence mais só a você.


Anita Lester

domingo, 6 de junho de 2010

Poema a quatro mãos


Luz que sorri, lá fora, acompanhada
De um planeta? Não...de mim mesmo
em mais uma madrugada, esta...a dois
Brilho que os sentidos captam
para além do molde quadrilátero:
é líquido no negro céu iluminado
atinge com tal fluidez
os corpos que, sem noção,
agem segundo seus instintos,
como o mar e suas marés ao
mudarem com o dançar da Lua
no [in]finito ciclo da vida.
Espirais não podem ser emolduradas
Não! Jamais! A força contida não é vida
faz dos corpos um espaço livremente atravessados pelos fluxos
Não! Não há começo e fim. Estamos bem no meio,
que lateja na madrugada barulho.
Som surdo que atormenta o corpo, o cérebro, a noite...
que teima em se transformar em dia...fala o que queres!
Não mais uma noite que insiste em amanhecer!
Fala o que te faz, brada com força os versos tato do instante criativo
Eis o criar que respira a brisa
Insistente a tocar tua face atenta: arte...
Arte em dois corpos, por um instante de noite...um só.
Estrela da Lua....Raio de Sol
Anita Lester e Pablo Bishop

A espera



Esperar que algo "importante" aconteça à minha vida?
NÃO! Fazer com que cada momento SEJA importante...
por mais amargo ou doce que seja.
É imaturo e passivo demais deixar a vida escorrer pelas mãos
enquanto o trem segue viagem.
COVARDIA, esse é o nome!
Há de se ter CORAGEM para amar os dissabores com a mesma intensidade
do mel doce que escorre pelas bocas apaixonadas. Anita Lester

sábado, 5 de junho de 2010

NoItE

Noite a dentro
Coisa por fora
porque não há definição para ela
[e há definição para algo?]
apenas adjetivos e conceitos
excitação
descontrole
imaginação
liberdade vigiada
extrapolar limites
manhã nascendo, noite dormindo
lua sorrindo alto no céu
Noite afora
Coisa por dentro
pessoas sem nexo
 [exalando] sexo
seres [per]passando por mim
rivotril para dormir
Anita Lester

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cotidiano

O barulho de uma porta quebra o silênciao...
Desejo ou realidade? Desejo, só desejo...
Mas a cidade já desperta: carros, motos, ônibus, pequenos murmúrios
de gente que sai para fazer sei lá o quê: trabalhar, voltar para casa,
ir à praia ou academia, quem sabe...eu...continuo aqui...
água, café e cigarros. Anita Lester

terça-feira, 1 de junho de 2010

Shhhhhhhhhhhhhh

Shhhhhhh...o silêncio pode ouvir teus passos surdos,
curvos, ávidos na direção de minh'alma;
Arrombando-a como um conquistador de terras cobiçadas!
Calma, agora, não há o porquê de tanta ânsia...
Estás aqui a tomar-me por inteiro, corpo e ser...
intenso fogo que me queima [pasma] sem dor...
Só sua, somente sua, por agora...

Anita Lester

Dança corpo-alma



Quem és tu que vem me acordar às 3h da manhã...
como se fossem 10h?
Sacode meu corpo balançando nossos relógios biológicos dissonantes!
Levanta-te...para quê? para escrever, dar boas vindas ao dia...
que ainda se demorará a chegar.
Meu corpo é instrumento dessa alma inquieta que deveras
me enche de orgulho e raiva por vezes.
O que te fazes querer o despertar antes da aurora? 
O cheiro do café ainda não passado?
Não...o silêncio que antecede o nascer do Sol
quando [a maiora] das gentes repousa sobre seus travesseiros
já moldados à sua cabeça.
Meu corpo segue sua dança como menina-moça que aprende a dançar
pisando os pés do pai. Sou teu instrumento, toca-o. Anita Lester

segunda-feira, 31 de maio de 2010




Somos como colcha de retalhos,
Vestidos de estórias,
escritas a várias mãos.
Um rizoma, por vezes forte fincado no chão,
por outras fracos como âncora solta na água
Nessa costura diária,
montamos o quebra-cabeças de nós mesmos
Na falta de uma peça, ou deixamos para lá e seguimos nosso caminhos;
ou obsessivamente tratamos [tentamos] preencher a lacuna infindável
da falta inerente a ser humano. Anita Lester [contribuição de Diego-inspiração]

Insônia



Face de quem dormiu e acordou
Rosto [des] figurado
Ainda não vestida a máscara do despertar
À espera ... que Morpheus reconduza-o
para o mundo dos sonhos...
Mas, qual a diferença do sonho onírico 
daquele sonho acordado em vigília,
chamados devaneios...
Em vigília [pensa-se] ter controle...
mas que nada! 
Na verdade é idéia [de]formada pelo ego
daquilo que o sono inconsciente nos presenteia,
sem amarras, livre das censuras.
Por vezes, "presente de grego", outros...]
InS[Piração]...aguardo-te Morpheus...
por mais breves momentos que sejam!

Anita Lester

domingo, 30 de maio de 2010

Perder-se



De longe serpente
De perto, Medusa
A pele chama,
A voz reclama.
Os olhos suplicam.
O coração, que não mais há [virou pedra],
Atira-se ao precipício da dor
dos [des]amados
Assisto ao mundo de cócoras
Porque de mim não me acho
Perco-me sempre...
Anita Lester

Sombra



Quem sou eu...essa que me tornei ou aquela que vive a [en]tornar-se dentro de mim buscando as fendas na minha fáscia para encontrar o luar? Anita Lester

sábado, 29 de maio de 2010

Turbilhão




Diferente de não querer é não se ter razão sobre as coisas
Ao menos a razão convencionada pela sociedade [hipócrita] na qual [sobre]vivemos
Alma velha em um corpo novo que envelhece a cada não
Fácil falar que algo é errado, impróprio
Difícil é viver numa apercepção de si mesmo
Onde o que é importante, na verdade imprescindível,
Torna-se vil no próximo segundo
O amado é odiado tanto quanto e
na mesma medida da balança viciada
E saber-se certo em meio a tantas [in]certezas tão certas dos Outros
É talvez como uma criança se sente quando afirmam a ela que o caixote,
que até então era um carrinho, é apenas e nada mais que um caixote.
Anita Lester

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Inspiração em "Poema em linha reta" de Fernando Pessoa



Que se quebrem os telhados de vidro...
e os estilhaços? que se espalhem sobre a hipocrisia! Anita Lester
Poesia de Alberto Caeiro



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo :  "Fui  eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dia nublado



Deito-me sob a luz que ainda não precisa ser acesa
Esperando a calmaria - que não chega
Pensamento à galope, corpo inerte
O que estará fazendo aquele sempre amor,
agora apartado de minhas inconstâncias?
Trabalha, come, dorme...
Será que sente falta em algum momento nostálgico do dia -
assim como eu?
Libertei-te de mim, mas só nos dias ensolarados
Não precisa ser segredo...basta ser nosso. Anita Lester

terça-feira, 25 de maio de 2010

Relicário - Nando Reis



 Entre suas pernas ela está...

É uma índia com um colar
A tarde linda que não quer se por
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o a de que cor?
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar

Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso desse amor

Corre a lua, por que longe vai?

Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por essa noite
Por que está amanhecendo?
Peço o contrário, ver o sol se por
Por que está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for?

Quem nesse mundo faz o que há durar

Pura semente dura o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo?
Um relicário imenso desse amor

O que você está dizendo?

O que você está fazendo?
Por que você está fazendo assim?


"[...] nunca de um sentimento que subsista,
nunca de uma emoção que continue, 
e entre para a substância da alma.
Tudo em mim é a tendência para seguir outra coisa;
uma impaciência a alma consigo mesma [...]
um desassossego sempre crescente,
sempre igual.
Tudo me interessa e nada me prende [...]
Sou dois [...] irmão siameses que não estão pegados.
Nós nunca nos realizamos.
Somos dois abismos - um poço fitando o céu."

Fernando Pessoa [Livro do Desassossego]

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poesia



A poesia é como um filho que ao sair de suas entranhas maternas,
já não é mais seu...
mas mesmo não sendo-lhe dono carregará indefinidamente dentro de si...
sendo metade sua de fora
A poesia...eleve-se! de outro modo,
torna certa a morte do Homem 
numa vida sombria
desperta...para  o Nada!!!

Anita Lester

Mudança



Inquietação por dentro...
Hiperatividade por fora...
Confusão da[de]mente...
abre flor, agora!
Sossega, desassossego!
Luz afora...
me aproximo do salto no abismo...
extrema ansiedade e agitação!
Dessas que só as mudanças
podem em mim causar!
O que virá? Não sei...
tenho vaga idéia, do tamanho de meus mundos...
que venha e se demore a ficar velha. 

Anita Lester

Autobiografia sem factos



Do Livro do Desassossego

"A minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida.
São minhas confissões e, se nelas nada digo, 
é que não tenho nada a dizer
(...)
Não sabendo crer em Deus e não podendo crer numa soma de animais,
fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comumente
se chama Decadência. A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a
inconsciência é o fundamento da vida. O coração se pudesse pensar, morreria"
Fernando pessoa

Homossexualidade [autoria de adolescentes da escola pública]



"Estou aqui mais uma vez, pra te falar da homossexualidade 
e o que ela nos faz pensar...
Homens com homens e mulheres com mulheres...
temos que respeitar o máximo que pudermos.
Veja os jovens descobrindo o que eles realmente são e
o que têm no coração...
mas ninguém vê com essa visão...
o preconceito é grande demais...creia nisto sim,
não duvide não.
Me aceite como eu sou, te peço, por favor...
sou humano e não aceito o tal do preconceito.
Um homossexual tem os mesmos direitos que qualquer um também.
Te peço me respeite,
Seja humano e me aceite"
Autores: Girlene Souza,Alessandra França,Jakeane Costa - alunos escola pública de Jijoca de Jericoacoara - concordaram com a publicação.

domingo, 23 de maio de 2010

Caminhos



[Des] acelera coração infame
Não são os caminhos que são tortos....
Tua visão apressada e infante é que está por vezes borrada.
Aquieta tua semente 
Deixa germinar...
Anita Lester


Eu trocaria a eternidade por essa noite
Por que está amanhecendo
se não vou beijar seus lábios ..
O mundo está ao  contrário e ninguém reparou....
Por onde andei enquanto você procurava
Um relicário imenso desse amor
A vida é mesmo coisa muito frágil...
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você....
Continuar aquela conversa que não terminamos ontem...ficou para hoje...
Nando Reis

DeSeJo


AREIA ONDE SÓ ANDAS TU
MAS TU NÃO ANDAS MAIS AQUI...
AINDA ASSIM ESSE LUGAR É...
... TEU
A AREIA COÇA, ROÇA, MACHUCA...
VOCÊ NÃO SERIA ASSIM...
MACIO FEITO VELUDO SOBRE A PELE
AHHHH...VOCÊ VOLTOU!
SINTO A TI ..."AMOR EU SINTO A SUA FALTA..."  
ME ADOREI ENTRE TUAS PERNAS! ANITA LESTER
VOLTANDO DO SHOW DO NANDO REIS

sábado, 22 de maio de 2010

A dor



A dor dignifica o Homem?
Dignificar, não sei se é a palavra certa....
Aprende-se com ela? - em grande parte das vezes...
Pois às vezes aprende-se a causar a dor a si ou a outrem
Regojiza-se com ela? Às vezes...ó sado-masôs
Suporta-se a ela? muito mais do que podemos imaginar!
Doentes crônicos, adeptos a tatuagem e piercing's
Agora, estabelecer dignidade???
Depende para quem...Anita Lester
Fica a sugestão da leitura de "Vigiar e Punir~de M. Foucault

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mutação



Sem Hora
Com Pressa
Des Acelero
Per Sonificando
Dia Lética
Trans Mutando
Des Respeito
Em Balado
Hipo Crisia
A fora
A dentro

Anita Lester

Fertilidade


Transborda de teus [meus] seios férteis
a luta entre os opostos!
Quem ganha com isso?
Os infinitamente seios cada vez mais férteis.
Anita Lester

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Liberdade



"A camisa de força que quiseram vestir-me...
arranquei.
Prefiro a de Vênus!" Anita Lester

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Desejo

Viaja para dentro de mim;
e lambe os versos de desejo em prosa
barrados na minha garganta,
tolhendo-me a voz, permitindo apenas,
um sorriso de bom dia...Anita Lester

Algemas virtuais




As piores algemas não são as visíveis...[risíveis]
Há aquelas que aprisionam a alma...
Roubam-nos a liberdade,[de pular no abismo em queda livre e (in)consciente]
Prisioneiro e algoz de si mesmo, como fugir?
Ahhhh ... mil maneiras...vil maneiras....
Perdas para ganhos frívolos e fugazes.
Volto ao cárcere antes que amanheça.Anita Lester

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Verbos

                            




                            AMAR                      ANDAR                CALAR                   MATAR
                            FERVER                   CORRER              DIZER                     MORRER
                            PARIR                       SEGUIR               CONDUZIR            PARTIR

Ama correndo dizendo que partiu...

Calar ferve ... é como andar morto...

Matar ou parir? Seguir ou conduzir?

Anita Lester

Gira...gira...

Aos 4 anos ganhei uma irmã; aos 8 anos, um irmão...Nessa idade já havia morado em 3 casas diferentes;
Mudança agora para outra cidade  -  cultura extremamente diferente da minha...
Ao todo [até agora]
foram 15 casas [indo para a 16!];
Colégios foram 11 [sendo que nao fui expulsa de nenhum!  Embora por vezes merecesse!]
Faculdades foram 5, com apenas 1 concluída [essa valeu por todas!]
Infinitos cursos, empregos relâmpago com saída sem para quê! ou "com pra quê" [depende do ponto de vista!]
Relacionamentos duradouros [poucos] e outros encontros fugazes, não menos intensos...
Até agora 9 tattoo's e 2 piercing's.
Desejos e vontades, entusiasmos escorreram como areia entre os dedos, poucos grãos ficaram - estes me esforço por cultivar.

Anita Lester

domingo, 16 de maio de 2010

Clarisse pinta Anita Lester





"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou sentimentoe em vez de me refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que falam, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidadde. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até onde posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais. Eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil do que tantas vezes é uma alegria pura.Vou pensar no asssunto. E certamente o resultado virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei."  Clarice Lispector

Leal, o avesso do fiel?!


 (8h40min) Um cachorro late do lado de fora da janela do meu quarto;
ele sabe o que tem de fazer na maior parte do tempo, está resgistrado nos seus instintos...
O gato, por sua vez contraria o desejo dos homens, colocando-os ao seu bel-prazer,
mas não foge de sua cadeia instintiva também...
Sinto um pouco de inveja destes seres...saber o que fazer sem ter que refletir, pensar a todo tempo...no meu
caso, penso que às vezes me assemelho a esses bichinhos, intensos, impulsivos, leal [o cachorro] que é o avesso do fiel...ahhh o gato! Anita Lester

sábado, 15 de maio de 2010

Espirais

Em pleno movimento, meu corpo é um instrumento! [interpretação de Ney Mato Grosso]