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sábado, 11 de setembro de 2010



E fez-se o breu...
trazendo consigo a noite eterna.
Teu cinza, já familiar do caminhar vivente
sem cor o qual sempre brindou minha existência
inocentemente [?] pela senda não escolhida.
Afinal, não há  como o fazer...
ainda assim uma senda feita árdua.
Se por mim ou pelo Outro não sei,
mas provavelmente por ambos.
Há dias em que se faz tal qual uma obra Dantesca
o simples despertar...
Ao meio dia a euforia convida ao Banquete dos Gozos.
Ao entardecer a Fúria de mil Minotauros esmaga dentro e fora.
Chega a noite! A reclusão em ti é o que me salva...
de mim...

Anita Lester

Repetição



Ungida de desesperada esperança,
Caminho todos os dias sobre o Éden e sobre o Hades

Já se completam tantos sóis e tantas luas assim
Que nem sei mais onde me encontro ou o que há de ser
O Éden com suas flores e céu límpido
Suave brisa acariciando os cabelos
Lindas Ninfas e belos Elfos a cantar o amor
Envolve o ser visitante em sua luz ofuscante
Mas em certo momento que não sei exatamente qual
Essa doçura embrulha-me os quereres
Já não consigo andar por lá
De uma queda estou no Hades
Quente, de um odor inebriante de embriaguez e sexo
Convidam-me a dançar uma música que não se ouve com os ouvidos
Se sente com os sentidos
Tudo pode, cabeça gira confusa
Ahhh...novamente no Limbo...

Anita Lester

Violetas


Violetas fitam minha face pálida
Espreitam meus sentidos
Mas nem sua beleza cala a dor
Que me acompanha como um membro colado ao corpo
Me doem tuas cores, que meu cinza obscurecem
Quisera eu poder apreciar teu encanto e,
quem sabe assim, esboçar um sorriso
Que perpassasse dos meus lábios à minh'alma.
Violetas sarcásticas, que zombam dos rasgos em minha pele
Das minhas olheiras insones,
Daquilo que não sou, mas poderia ter sido.
Tu...continuas bela.
Eu...continuo...

Anita Lester

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

MONTANHA RUSSA DE MIM



Quero fugir...mas para onde posso fugir
que eu não esteja à minha espreita, sorrateira e debochada?
Onde posso me esconder
dos tropeços dados pelos meus próprios pés?
Como posso viver acompanhada de mim,
sendo eu tão inconstante a ponto de muitas vezes
não me querer por perto e assim mesmo acorrentar-me ao pé da mesa?
Ah vida...ou morte...o que mais hei de mutilar 
para descobrir quem sou, o que quero, a quem eu quero, o que suporto?
Quem há de estar junto de mim apesar de...
quem há de me acompanhar nessa montanha russa até o fim de mim?

Anita Lester

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não Importa


Que há de ti que me escapas
Como sangue em luvas de seda
Foges deixando marcas e cheiros
Inconfundíveis de tu mesmo
Banha-me em tua desordem
Inspira-me com tua ausência
Brinda-me com a insanidade por tantos repelida
Sê esta loucura - criação minha
Ou ser vivente nesta senda
Não importa...Quero sorver
Cada gota de tua poesia,
Alimentando-me da luz que emana de ti
E quando a morte por sorte vier,
Seja sob tua colcha de retalhos que eu descanse meu ser insone.

Anita Lester

sábado, 4 de setembro de 2010

Dor e prazer


A dor da existência se transmuta perpassando nada além do que
a camada mais fina do meu ser
Cada agulhada vale as endorfinas próximas a invadir corpo e mente
numa onda de prazer...e dor - sensações inseparáveis do viver
A capacidade de ficar estático durante o processo,
por vezes torturante,
indica essa estranha e histórica ligação da raça humana

com a superação de si mesmo,a arte marcada no corpo [e na alma]
O resultado, um belo quadro vivo e pulsante, claro do ser desejante,
para aquele que saiba ler suas linhas e suas cores
Um mito de si mesmo contado calado, na pele do tatuado.


Anita Lester